Angelo Macarius
A Luz e o Troar...
Por Angelo Macarius
Foi breve a luz e o troar...
Escondem se tímidos o raio e o trovão...
De novo a escuridão se faz majestade
Não há meio dia nem fim de tarde
A luta com o capim navalha a boca do abismo
Me mastiga me tritura , e me deixa vivo
O diabo escorre de meus olhos
Unta o flagelado de Sal
E a carne pulsa agora sem segredos
E o monstro cobra seu galardão
Quer matar e torturar a todos
Mas cônscio que a fúria de um vulcão
Mas sou eu que devo sacrificar o eu
Esse eu exacerbado, diminuto
Desejoso de que sobre da copula sagrada
Um beijo apenas do Pai Sol...
Mas tudo permanece escuro...
Meus salões internos escuros
Como essa noite cruel que não passa
Mas eis que a Mãe divina em sua generosidade
Coaduna com a dela a minha vontade
E os primeiros raios violentam suaves e selvagens
O plácido horizonte...
Eu chamo por ti
Guardião terrível
Anjo majestoso,
guerreiro belicoso e afável...
Resgata das ruínas esse guerreiro alquebrado
Diz apenas uma palavra e eu me vou em busca do campo...
Agora que a grande mãe bebe minhas lagrimas
Finalmente a chuva chega e o Sol pariu
Uma pequena estrela em meu peito
E o caminho se iluminou
Eis que o fogo varreu a terra
Por Angelo Macarius
Agora que o espelho quebrou-se
Pela choque da mão da fadiga
Podes ver o vasto semblante
No sagrado espelho, o mar?
Agora que a voz do corpo
Calou a língua escrava da mente
Agora que o corpo não mente
Podes ver teu reflexo lunar?
Agora que o abismo se fez espelho
E viste o reflexo de outrem
E da violência vulgar
Podes ver meu reflexo solar?
Agora que sentiste minha dor
E que tua dor insisti em sentir
E que te humanizou a mascara partida
Podes ver o reflexo no vazio?
Agora que te compreendes
Agora que a luz invadiu tuas camadas
Mesmo que tenham assassinado as fadas
Vês em mim a divindade que em ti reside?
Agora que o orvalho sereno banhou te
E que a barreira dos onze se espatifou
E que as fadas foram ressuscitadas
Vês que por vontade deve ser o amor?
Agora que nenhum tirano pode te enganar
Usando a mascara de cordeiro gentil
E que a infância tateia os teus olhos
Podes escolher um refugio primaveril?
Agora que a corroa celeste tocou tua coroa
E que este cavaleiro mouro lambeu tua ferida
E que a necrose transubstanciou se em luz
Podes sagrar me teu escriba, conselheiro e rei?
Primeiro a guerra foi declarada
Suspendi ao alto minha espada
Os antagonistas pouco entenderam
Por que terríveis imagens meu escudo invocava
Se por traz de negra armadura
Era a luz que eu postulava
Há, mas eu entendi
O porque de tantas imagens sagradas
Daquelas que evocam luz mas servem as trevas
No escudo dos cavaleiros que eu enfrentava
As terríveis gárgulas de minha choupana
E os daemons de minha armadura
Estão a serviço da Luz
Por que a Luz foi maculada
Por sacerdotes, eruditos e estadistas
Dos serviçais da corte partiu
O primeiro ato de violência contra a realeza
Mas há de se ter luz
Pra entender a dor por traz da beleza
Primeiro a guerra foi declarada
Mas após a contenda de lança e espada
Eis que o fogo varreu a terra
E “o amor venceu a guerra”
E o fogo lambeu a carne Real
E a terra tremeu aos seus pés
E o vento cantou canções angélicas
E a chuva dançou no dia de núpcias
E o cavaleiro pode deitar as armas
E voltar para trovas e tinteiro
Escuta a canção da liberdade rainha...
E os gritos de gozo e alegria do reino inteiro...
Ju cante
"Derrepente um toque suave no rosto e o silêncio nos abraçou ...Mergulhei nos seus olhos e vc me despertou..."
RAIKAI LUSFE(z)RICO
por Angelo Macarius
...de repente , olhando para sombra , percebi que a sombra tambem me percebia..."a sombra vem da luz"...
NECROSE
Por Angelo Macarius
Eis que o cavaleiro abriu
Com a ponta da espada
A purulenta ferida
Da rainha amada
Pousou a boca febril
Puxou a infecção necrosada
Do seio e da taça da amada
Ao ver seu rosto espelhado
Em tão nobre prataria
Se deu conta de que não sabia...
Que a tal ponto um dia amaria...
deja vu?
Por Angelo Macarius
cá estou sem aqui nunca ter estado?
rastro do futuro , algures em um furo do passado?
uma ilusão que bate no embate de aqui estar sem já mas ter estado
ilusão ou ausência de presença no presente?
ausência de presença no futuro ou total presença no presente?
em que lugar se está quando naquele lugar o vagar do olhar
que anseia captar de onde precede o olhar dentro do olhar
e a a palpitação a confusão a insubordinação da impressão
que insiste em alertar cá esteve cá de novo está
e eita confusão descarada a razão e jogo de suas palavras o corpo
funcional paralitico frente a tão desenfreada jogada do macro e micro acelerada
na confluência totalizada ao mesmo tempo fracionada pela ilusão temporal um
segundo e coisa e tal(sem ponto só pro ponto) confusão...
como é possível se eu vim de lá?
e antes do sono do ventre?onde o peregrino estava?
e se do sono do ventre não eis concio ,por onde a testemunha andava?
constante movimento , repouso
e foste do repouso ao movimento
o vento derrubou rosas naquele lugar
por onde o peregrino andava?
em sua peregrinação a testemunha registra um momento...
e o ponto percebeu...
e são tantas vozes que reconhecem o peregrino
que o silencio é obrigado a perguntar...
peregrino , aonde tu andavas?
"Em agonia ou em êxtase, algo declara...munch , muco , manco...é como um grito que nunca cala"
Tilopa Mercurio - O grito
O LOBO DA ESTEPE
Herman Hesse
Eu , o lobo da estepe,vago errante
Pelo mundo de neve recoberto;
Um corvo sai de uma arvore, adejando;
Mas não há corsas por aqui,nem lebres,
Vivo ansiando por achar a corça,
Há!se eu desse com uma!
Tela em meus dentes, entre as minhas garras,
Nada seria para mim tão belo.
Havia de tratá-la tão cordial,
De cravar lhe nas ancas meus dentes,
Beber lhe o sangue até a saciedade,
a uivar depois na noite , solitário
contava-me mesmo com uma lebre!
Na noite sabe bem a carne flácida!
Por que de mim há de afastar se tudo
Quanto faz esta vida mas alegre?
Em minha calda o pelo está grisalho
E também já não vejo as coisas nítidas;
Há muito que morreu minha esposa
E vivo a errar sonhando corças,
Ansiando lebres,
Ouço o vento soprar em noites frias
Com neve aplaco o fogo da garganta
E levo para o diabo minha alma
Poema para a alcatéia(ou reflexões priapicas satíricas a respeito do falo narcisismo)
Por Angelo Macarius
Falas do falo?
É do falo que falas?
Nada alem do falo percebes?
O falo resume tua fala?
E qual é o falo que fala, fala?
O falo perdigoto que cospe
O falo narcisista que cospe
O falo narcisista escreve
Com o próprio falo na cabeça
Esquece caralho, teu falo
Já parece um falo teu rosto
Um falo no espelho exposto
E enquanto falas do falo
É de todo ser que falo
Incluso está o falo
Mas o falo de que falo é detalhe
Enquanto falas do falo
Qual narciso que só falo vê
Observo que o discurso fálico
Nada dá e ainda quer receber
Larga a porra do falo
O falo não vai cair
Ególatra falo narcisista
Fálico amante da pica
Teu falo é só um detalhe
Que pra natureza o falo pouco vale
O falo pra ela é seringa
Por tua culpa vulvas desistem do falo
E enquanto sentes coceira em teu falo
Em mim que sou assim, mas sensorial que fálico
Ele se expande e abrange
O ser o não ser o encefálico
O ter o não ter e o invisível
O visivel o pico e abismo
Pois é da sacralidade do corpo que falo
Do falo, da vulva , dos olhos
Do que vai alem do corpóreo
Pois minha natureza Solar
E┤ apenas função estelar
E a tua urgência em gozar
Pouco prazer a vulva dá
Pouco prazer te dá
E de nada serve o falo
Enquanto falas do falo
E vê o falo no espelho
É do espírito assexuado que falo
E vejo homem e mulher no espelho
E ambos me são sagrados
Enquanto teu deus é só falo
...vai
...busca sentar em outro falo...
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