Cansado de tanto eu
Por Angelo Macarius(eu mesmo...pra variar...)
Eu tenho algo ainda guardado
Alguns livros cifrados
Podridão e pureza
No baú das antigas trancados
Volumosos tratados
Sobre a natureza
Eu que já fui um asceta
Eu que já levantei brasão
E que já beijei caronte
E o barco não aportou
Eu turvo e embriagado
De tanta luz prenhe no vão
De tanta flores campestres
De desapego e ambição
De excessos palacianos
De viciosa mendicância
Em meu claudicante torpor me vi...
...cônscio...
De que eu era a floresta e a floresta era eu
De que nada tem forma , a forma sou eu...
De que procurava na floresta errada
Emborá eu fosse a floresta
E a floresta não fosse eu...
Eu procurei muito longe...
E era dentro de mim que estava
A luz clara , escura , nunca maculada
Ali pude enxergar
Num lugar já mais sonhado
Estava assim tão fácil de encontrar?
O verso de Naropa...
“...No final só os amantes saberão...”
E eu cansado de tanto “eu” , exausto de mim mesmo , que por tanto tempo havia me carregado...
...Me calei ...
CREDITOS DA FOTO
jULIANA cAVALCANTE:FOTO
aNGELO mACARIUS:eDIÇÃO
CREDITOS DA FOTO
jULIANA cAVALCANTE:FOTO
aNGELO mACARIUS:eDIÇÃO