quarta-feira, 28 de março de 2012

Cansado de tanto eu


Cansado de tanto eu
Por Angelo Macarius(eu mesmo...pra variar...)

Eu tenho algo ainda guardado
Alguns livros cifrados
Podridão e pureza
No baú das antigas trancados
Volumosos tratados
Sobre a natureza
Eu que já fui um asceta
Eu que já levantei brasão
E que já beijei caronte
E o barco não aportou

Eu turvo e embriagado
De tanta luz prenhe no vão
De tanta flores campestres
De desapego e ambição
De excessos palacianos
De viciosa mendicância

Em meu claudicante torpor me vi...
...cônscio...
De que eu era a floresta e a floresta era eu
De que nada tem forma , a forma sou eu...
De que procurava na floresta errada
Emborá eu fosse a floresta
E a floresta não fosse eu...
Eu procurei muito longe...
E era dentro de mim que estava
A luz clara , escura , nunca maculada
Ali pude enxergar
Num lugar já mais sonhado
Estava assim tão fácil de encontrar?
O verso de Naropa...

“...No final só os amantes saberão...”
E eu cansado de tanto “eu” , exausto de mim mesmo , que por tanto tempo havia me carregado...
...Me calei ...


CREDITOS DA FOTO
jULIANA cAVALCANTE:FOTO
aNGELO mACARIUS:eDIÇÃO

9=0

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"fazer do inalcansavel o unico caminho.Do impronuciavel , unico nome digno de pronuncia.Do silencio , um dialogo.Da profundidade escura do ser , Luz.Do inexplicavel , a suprema experiencia.Do vazio sagrado , um preencher.São esses os meus objetivos vocacionais.O resto é passatempo."Tilopa Mercurio.