CINEMA ...a setima arte pelo olhar do ermitão...

O cinema arte completa 
por Angelo Macarius




            Entre os artistas anônimos que povoam a historia, talvez o que tenha maior relevância seria o primeiro pintor rupestre, pois nos falta registro da primeira musica composta, o que para o homem pré histórico, não seria passível de registro algum, e teria, se assim pudéssemos visualizar com exatidão importância reduzida a comunicação e a cânticos imperfeitos de devoção e temor ao que não podiam compreender.Já no caso desse anônimo que primeiro registrou uma pintura em caverna, teríamos que relevar o fato de que apesar de não termos a sua assinatura e não sabermos se ao menos tinha ele um nome que pudesse ser pronunciado de forma inteligível, temos uma imagem, uma assinatura de importância incomensurável para as gerações que o procederam, pois podemos constatar que a primeira obra passível de apreciação foi uma imagem.
        Avancemos no tempo, tentemos contemplar os atores gregos com suas personas, o drama e a tragédia como forma de eternizar o mito e de fomentar o exercício dialético. Imaginemos também as esculturas e pinturas de jarros, eternizando figuras heróicas, comportamentos, passagens mitológicas e etc...Temos novamente imagens, imagens artísticas carregadas de uma importante função.A função de registrar a historia de um povo.Temos também a arte Egípcia , Indiana e etc...Imagens...Imagens que muitas vezes se contrapõem quando se trata de mitos, imagens que muitas vezes coincidem quando se trata de símbolos...imagens...  A musica , passou a ser mas facilmente registrada a partir do momento em que se atribuiu importância ao compositor, quase sempre um maestro, um menestrel e quase  nunca um trovador.Mais as imagens...a imagens tem uma aura de eternidade , as imagens a MUITO  são reproduzidas e criadas.
     A ARTE APONTADA COMO OITAVA MARAVILHA DO MUNDO, AO PASSO QUE EVOLUIU DA FOTOGRAFIA, TECNICA MOR DE CAPTAR IMAGENS , CONSEGUIU A MEDIDA QUE FOI SE SUPERANDO , AGREGAR TODAS AS OUTRAS FORMAS DE EXPREÇÃO ARTISTICA EM UMA SÓ.O cinema reúne em um só espetáculo , literatura, musica,poesia, teatro e artes plásticas.
 Importância maior ou menor de tais seguimentos se dão pelo tipo de linguagem que determinado, autor , diretor , equipe técnica e etc. pretendem expressar .

Peguemos como exemplo o cão andaluz  roteirizado por Salvador Dali. Bunuel nada mas fez do que passar para a tela as imagens idealizadas por um gênio,um gênio que colocava tudo numa perspectiva simbólica, tendo em vista que o inconsciente dialoga por simbologia.Temos ai um filme aonde a estética plástica salta tela, valorizando muito mas a o gênio artístico de Dali em criar imagens do que a narrativa.Tomemos agora a insustentável leveza do ser.Que possibilidades haveriam de transformar o capitulo introdutório do livro de Millan Kundera , "a leveza e o peso", em imagens?qual seriam os resultados?O filme de Philip Kaufman DESCONSIDEROU TANTO O CAPITULO JÁ CITADO QUANTO O CAPITULO FINAL, e mediante a imagens poéticas construiu um filme aonde as personagens centrais, Tomas e Tereza têm suas almas radiografadas, seus conflitos destrinchados numa obra que nada fica devendo a fonte, em graça, beleza , tragédia, peso e leveza.




FAÇAMOS UM LEVE COMENTARIO A RESPEITO DE Glauber Rocha.Glauber foi um gênio criador que mediante a sua estética da fome realizou filmes com recursos ínfimos e propôs mil e uma discussões, como é o caso de Deus e o diabo na terra do Sol,filme que por vezes parece com xilogravuras de Ariano Suassuna filmadas em serie.Analisemos agora a importância da trilha.O QUE SERIA DE UM FILME DE AÇÃO OU HORROR SE A MUSICA NÃO CONDUZISSE A DRAMATISSIDADE?Sem querer me estender muito proponho a pergunta.É ou não é o cinema um arte completa?
Concluo fazendo outra pergunta.Ali na pré- historia, aonde as cavernas serviam de abrigo para mil e um perigos, aonde os fenômenos naturais eram mistérios intangíveis, aonde sobreviver era supremo desafio, e a observação era uma constante, teria o primeiro artista visto , depois de ter feito a primeira pintura, num misto de espanto e gratidão pela descoberta , a imagem tomar movimento, dançando e cantando nos labirintos de seu inconsciente?


...Tenho dito...






FALEMOS DE...

Eisenstein ...e controversias co relatas

por...Angelo Macarius

A visão Eisensteiniana da dicotomia da linguagem teatral , aonde o teatro de “agi-atrações” sobressai – se do narrativo-representativo no tocante aos interresses revolucionários estéticos narrativos ...PARA , PARA , PARA TUDO... é necessário agora que voltemos os olhos a outras propostas que corroboravam , contrariavam , encontravam pontos de interseção e variantes ou simplesmente atacavam ou ignoravam o pensamento de Eisenstein.Antes porem de mergulharmos na riquíssima contemporaneidade de Eisenstein , gostaría de enfatizar a importância que o mesmo dava a um aspecto da arte que vem se tornando em nosso tempo , artigo secundário da industria.O aspecto da confrontação direta ao expectador , mediante ao impacto psicológico e sensual(o que não deixa de ter víeis psicológico se considerarmos Freud).Para compreender a importância dada pelo cineasta a esse aspecto da arte cinematográfica , é preciso dar atenção a certos dados biográficos do mesmo.Primeiro , Eisenstein foi ativista da revolução russa e viu a mesma dar com os burros n’agua sob a administração de Stalin.Segundo , Eisenstein , embora tenha colaborado com a revolução , acreditava que a arte não é passível de limitações de regime , daí a sua proposta de desvincular cinema de governo , embora tenha feito um cinema aonde o enfoque político(a favor do proletariado) e víeis intelectual lhe rendeu o titulo de percursor. Terceiro – A montagem criada por Eisenstein era quase que onírica , desconsiderava a continuidade e era comparada pelo mesmo com a escrita “ideográfica”...Concluímos pois que o homem era produto de uma época em que o ideal maxista , a psicanálise e a morte de deus ainda era uma proposta em experimentação.Daqui podemos prosseguir.


A China e o Japão , desenvolveram uma escrita cuja a estrutura foi chamada por nós, ocidentais, de “Ideograma”.Trata se de uma forma de escrita onde mediante a "ortografia" muito mas voltada ao simbólico do que a junção de varias letras que tornam o significante conclusivo, como é para nós , gera uma idéia.Então , o cineasta russo defendia ser possível no exercício de sua “montagem dialética”, a junção de idéias imagéticas na criação de significado , dispensando assim , a montagem convencional narrativa e continua.Torno a repetir que Eisesntein e sua obra estavam intimamente vinculados a uma época , e o cinema é um rio imagético e conceitual que se transforma com o tempo.Varios teóricos concordaram com Eisenstein , porem , outros tantos descordariam , seguindo o fluxo de tendências que contrapunham se ao cineasta Russo.É o caso de Chistian Metz , estruturalista francês e teórico semiótico que pretendia revisar o cinema sob a luz da psicanálise por julgar a sétima arte refém de críticos historiadores e etc.Achava pertinente o retorno da simbologia ao campo cinematográfico.A esse humilde escriba , Meltz soa um tanto quanto “aristotélico” e “cartesiano” , a medida que sua tentativa de “Libertar “ o cinema das estruturas que o encarceram , desconsidera a fluidez oriental em que Eisenstein parece apoiar a montagem que criou.O que me causa maior estranhamento , como causou a Ismail Xavier, foi a maneira como ele resume a sua idéia de cinema...”O cinema é uma linguagem sem língua”...Uma afirmação deveras oriental e contraditória para alguém que pretende colocar as coisas de forma conclusiva. Mas o argumento de Meltz é de que o “plano” , equivale a toda uma sentença...Bem , mas estamos falando de 64, época em que a tendência cinematográfica tornara – se narrativa e o sucesso da revolução cubana em 1959, propõe ao mundo não só a libertação proletária como também a campesina.São novos tempos, Esienstein está morto, e sob o cadáver de Deus começam a brotar as flores da contra- cultura que viriam a propor o casamento do oriente e do ocidente e uma nova maneira ( uma nova renascença) de encarar o divino.O fato é que o cinema moderno é uma nova proposta de ruptura.E por falar em ruptura , o grande representante da mesma seria Godard , aquele mesmo que todo estudante revolucionário ia ao cinema ver e saia fingindo entender.Sinônimo de vanguarda , Godard rompe com a estética do cinema discurso e cria com seu primeiro filme , as bases do que o mundo hoje chama de Nouvelle Vague.Câmera e ator dialogam , o improviso cria uma intimidade com a platéia aonde antes o expectador não era abordado por esse tipo de provocação.Eis o cinema narrativo.Outro grande Teórico do cinema narrativo foi o celebre escritor Humberto Eco .Eco defende em seu livro(1968) “obra aberta” , que uma obra de arte vai alem das probabilidades semânticas. Dizia Eco que a investigação semiológica não tem fim , sendo constantemente repensada mediante as crises ideológicas.Já Emilio Garroni , teórico italiano neokantiano dizia que “Oque é colocado em duvida , de diversas maneiras – com resultados diferentes , por vezes mesmo formalistas em sentido limitativo - é que a obra de arte seja algo cujo o sentido e cuja a especifica consistência sejam confiados a alguma outra coisa já constituída e já estruturada fora da própria obra – trate-se de imagens psíquicas ou de realidades efetivas”.Garroni é contrario a tese de Metz , corroborando assim com Eiseintein , sem com isso deslegitimar Godard , pelo contrario , tenta encontrar um ponto aonde as duas linguagens estejam em dialogo revolucionário. Garroni via a teoria de Meltz como que limitada por uma supervalorização dos códigos narrativos em detrimento da imagem.Se apoiava na idéia proveniente do grupo dos fromalistas russos que criam no discurso interno.Mesmo que a palavra seja desvinculada da pelica , a busca de significância do expectador permanece.

Concluindo: Vejo em Garroni uma lucidez impar em teorizar a questão cinematográfica, uma vez que há de se compreender que a estética e a simbologia não dependem de controvérsias.O grande artista é aquele que acessa o inconsciente coletivo em busca das questões inspiradoras e aflitivas de seu próprio tempo.Em se tratando de um homem que presenciou uma grande revolução que acabou em tirania e as duas grandes guerras mundiais , é justo que expressão seja caótica.Já no caso de uma época em que se propunha poder para o povo , em que toda juventude se levantava em pro da quebra de velhos conceitos , em que se buscava uma noção de prosperidade  libertadora e não repressiva , é justo que a expressão fosse ao mesmo tempo que combativa , narrativa , na ânsia de registrar toda riqueza da inversão de valores.

Tenho dito.






ATLÂNTIDA

                           Por

Ângelo Macarius







                   Ha muito tempo (década de quarenta), numa galáxia muito distante (Estados Unidos do Brasil) ...


                     Nada de reflexões profundas , nenhum plano demorado com intuito de provocar a reflexão, nenhuma obra baseada em clássico literário , apenas a ingenuidade do entretenimento...e a sagacidade de um modelo empresarial que deu certo.Assim eram os estúdios da Atlântida , estúdios esses que conseguiam aproximar suas estórias das aspirações dos populares.Mas não foi sempre assim.Antes de Oscarito e Grande Otelo Foi Luiz Fenelon e alguns amigos que , após escreverem manifesto aonde figurava uma proposta de aspirações de um cinema de conteúdo, Fenelon lançou –se a venda de ações.Nesse processo aglutinou se o compositor e medico Jose Carlos Burle. A proposta da recém criada produtora Atlântida , prometia aos acionistas estúdios com instalações de ponta.Aglutinou se também a trupe o irmão de Carlos , Paulo Burle , exímio negociador.Antes de terminar essa pequena nota biográfica a respeito dos donos da companhia, gostaria de salientar apenas que Fenelon vinha de uma experiência cinematográfica frustrada e estava desempregado, o que teria servido de combustível para sua aventura.

                       Bom , conversa vai conversa vem e cadê os estúdios?Foram substituídos pelo aluguel de um galpão em desuso , aonde em tempos idos se praticavam jogos que acabaram por ser proibidos.E lá se montou um estúdio aonde o refinamento estético e o tino paro improviso de Fenelon ganharam asas.Em meio a poluição sonora de aviões , prédios em construção , marcações improvisadas , enfim , um universo de dificuldades técnicas a companhia se pos a filmar.
                     
                     E a chanchada? Ainda chegaremos lá. Acontece que os “Atlantes” levavam muito a serio a historia do manifesto. “Luz de meus olhos” e outros filmes lançados com a proposta inicial de se fazer filmes sérios , nâo teve êxito comercial.  Fenelon , a contragosto , e Burle , abriram mão de dirigir a película carnavalesca que os tirariam do vermelho.Rui Costa ( cineasta português assistente de Limite ) ficou com a tarefa.A terceira fita rodada da Atlântida , ironicamente veio a se chamar  Tristezas não pagam dividas , e teve direito em seu processo de produção a porrada entre Fenelon e Rui costa , fato que emperrou por algumas semanas o andamento do processo , mas...a fita foi sucesso e a galera saiu do vermelho ( devem ter feito um puta carnaval com direito a porre e rasgassão de sede por parte dos “boxers”). Chegamos a chanchada.

                    O bicho começou a pegar daí.Os garotos descobriram uma formula de sucesso , as salas enchiam , na falta de televisão o publico aderia a chanchada na tentativa de encontrar alivio numa centena de gargalhadas e abraçando calorosamente a igenuidade!                   


Bom mais a alternância entre sucesso e fracasso era uma constante.Optou se pelo modelo da chanchada.Modelo esse que nos trouxe Oscarito (imbatível na arte de ser “engaçado arrependido de ser” como diria Chico Anísio) e Grande Otelo. Acredito não ter havido na historia do cinema Romeu e Julieta mas engraçado que esses dois


                    Falemos um pouco de Grande Otelo.O homem apertou a mão de Orson Wells , e Wells considerava o homem o maior ator do Brasil.O homem era um comediante nato , mesmo com uma coleção de eventos trágicos.Pai morto a facada , mãe alcoólatra , filho envenenado por esposa suicida...UFA!Moleque Tião foi seu marco na Atlântida, e Macunaíma talvez seu filme mas expressivo(Tupi or not tupi, viva Mario de Andrade).

“O grupo Severiano Ribeiro apresenta... Inferno na Torre , ou no estudio? Uma comedia de dar dó...”


E´mas ai o bicho pega de novo.Os caras eram bons.Pra cada comedia américa tinham uma resposta a altura , peitaram Hollywood mas como diria um doido de Liverpool que dançou no cano de um revolver o “sonho acabou”.A TV chega ao Brasil e outros aspectos concernentes as crises econômicas nacionais leva o Alantida a derrocada depois que Severiano Ribeiro , dono da maior parte da rede de cinemas do país (lembra do extinto cine Atlântida?) se associa a trupe. Rolos e rolos foram vitimados por um incêndio.Na virada dos anos 50 a Atlântica se consagrou como a maior produtora do Brasil a nível cômico.É, e pensar que eles se levavam a serio.É , a vida é irônica não é mesmo? 
  


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"fazer do inalcansavel o unico caminho.Do impronuciavel , unico nome digno de pronuncia.Do silencio , um dialogo.Da profundidade escura do ser , Luz.Do inexplicavel , a suprema experiencia.Do vazio sagrado , um preencher.São esses os meus objetivos vocacionais.O resto é passatempo."Tilopa Mercurio.