sexta-feira, 18 de março de 2011

Céu e inferno




Céu e inferno
Sobre a obra de  chânia schinaider
Por Angelo Macarius

“Vê , pois , ó filho da terra, e comtempla-me,que sou um só,em milhares e milhões de diferentes formas.Imerge teu olhar no reino dos deuses,anjos e arcanjos, espíritos planetários, diretores dos mundos e muitos outros seres misteriosos, com que não sonha nem a mais indômita especulação e fantasia.”

O Bagavad gita

                   Notei a semelhança com a capa de Heaven and hell...mas não se tratava de um plagio, ou de um trabalho sob encomenda da já quase falida industria do disco ou de uma publicação religiosa de uma certa igreja que se sustenta com seus editorias, ou até mesmo da milenar instituição romana.Não, não se tratava disso.Não vi ali na obra nenhum intuito doutrinário, nenhum anjo de feições helênicas subjugando um demônio de aparência mestiça, negra ou ruralista.Oque enxergava ali era uma certa inquietação seguida de uma compreensão.Enxergava na obra ao mesmo tempo que uma necessidade em dar vazão a uma certa indagação espiritual e uma compreensão vinda da fricção constante de tal indagação.A de que dentro de uma perspectiva micro, somos tanto uma coisa quanto outra, tanto o Anjo quanto o demônio, e para que possamos retornar a fonte sem mancha, devemos compreender tal condição, promover a sublimação de ambas facetas da natureza.Posso estar redondamente enganado, uma vez que o impacto que uma obra exerce em um individuo, depende da própria idiossincrasia do mesmo.A autora da obra tem manifestado em uma comunidade em particular suas percepções a cerca de certos temas, que hoje, infelizmente, encontram se sob a sombra de cânones, criados a cerca da figura de um certo ícone do espírito de época que começou a se insinuar no final do século XIX, e que, para o bom observador, “perdura”.Ora, o problema é que por vezes, a autora levanta uma ou outra polemica, dada a particularidade de sua visão a cerca dos temas místicos.” Você fere o canone, oque disse nada tem com cânone!”...vozes se levantam em defesa daquilo que não precisa de defesa e que não foi atacado...pelo menos intencionalmente... me pergunto se o sectarismo seria  mesmo o caminho, afinal, não foi todo lance do ocultismo europeu, tambem, uma reação contra o sectarismo?  
                   Geordano Bruno foi executado por afirmar uma verdade, verdade essa que o poder institucional dizia ser uma mentira, mas o fato é que antes mesmo de Giordano Bruno apontar a verdade, ela já era verdade.Não estou dizendo que o caso é esse, oque quero afirmar é que, a verdade no âmbito individual é deveras pessoal, os símbolos e percepções que se tornam cânones, podem se apresentar com outros nomes e outras formas, dependendo da psique de cada individuo...”Não existe certo ou errado em matéria de opinião”...Creio inconteste a contribuição dada pelo ícone da Vontade, não só no âmbito em que ele é mas apontado como “o cara”, mas no tocante ao pensamento humano.Simpatizo com obras literárias e etc, pela identificação que promovem em meu âmago, mas se encontrar qualquer coisa na obra, ou na conduta que não encontra eco em meu intimo, descarto e me atenho ao que produz eco em mim!Eu também sou uma estrela, todos somos, e como estrelas, temos órbitas, e dentro dessas órbitas, somos únicos, e sendo únicos, temos que descortinar o véu de nosso próprio ser, encontrando assim, nosso próprio caminho.O Aeon está em franco desenvolvimento, mutio daquilo que era tido como verdade caiu por terra, ciência e espiritualidade sinalizam um casamento, e a historia ainda vai ter que se retratar com muitos Geordanos, mas quando o papo é micro, ou micro buscando o macro, ou encontrando o macro, ou o cosmo,a linguagem expressara aquilo que é intimo, pois nem toda experiência é oriunda do cânone, muitos são aqueles que nunca ouviram falar de líber a ou b, e mesmo assim foram coroados pela experiência máxima. Ansiar entender o universo, já é por si só uma difícil tarefa, tarefa que afasta o individuo das futilidades do cotidiano e o joga constantemente em uma solidão que independe do numero de pessoas ao redor...Só a tentativa já é por si só digna de aplauso...Eu mesmo as vezes me pego pensando,"oque diabos ela tá falando?", e depois me pego novamente pensando,"quantas vezes eu mesmo não fui assaltado pelas mesmas questões?"...O caminho não é só feito de estudo e racionalizações sobre o universo, mas tambem de perguntas inquietantes, percepções pessoais e insigths, resultantes da fricção do conflito interno...é agonia e extase... Creio que a pintora está no caminho, com suas indagações inquietantes e conflitivas, sua vontade de ascender e sublimar, pois a obra nada mas é, doque o retrato maximo de seus anseios.Estando ela no exercício de sua arte, talvez um dia se surpreenda, talvez perceba que tudo é muito simples, que no seu caso basta ser artista e exceder em arte.

ABRAXAS    

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"fazer do inalcansavel o unico caminho.Do impronuciavel , unico nome digno de pronuncia.Do silencio , um dialogo.Da profundidade escura do ser , Luz.Do inexplicavel , a suprema experiencia.Do vazio sagrado , um preencher.São esses os meus objetivos vocacionais.O resto é passatempo."Tilopa Mercurio.